Saio de casa 15 minutos antes da hora marcada. Vagueio pelas ruas enquanto discurso para mim mesma o que vou dizer. Estou decidida, se é para ser sempre assim, prefiro que termine de uma vez. Preciso de saber. E sim, tem que ser ele a dizer-mo.
Perco-me nas horas. Quero muito estar com o Gabriel, mas ainda sinto o corpo tremulo, e estes batimentos que não desaceleram...
O telemóvel interrompe-me o raciocínio.
G-Bruna, posso te ir buscar?
B-Sim.
Entro no carro e comprimento-o com um "oi". Ele sorri-me e arranca. Para o carro no meio da estrada e pergunta.
G-Não me dás um beijo?
Levo os meus lábios em direção aos dele, deixo-me devorar por aquela boca quente...gosto, gosto tanto...e afasto-me. Ele pega-me no rosto com as duas mãos e beija-me novamente...e eu quero.
G-Queres tomar café?
B-Não, como sabes, eu estava no café, já tomei. (respondo secamente)
G-Estas zangada?
B-Não...
G-Amor, a que horas tens que estar em casa?
B-Às horas que eu achar que devo ir.
G-Estas com tempo?
B-Eu estou sempre com tempo, amor.(respondo com ironia) e pergunto-lhe:
B-Porque disseste que hoje é o momento ideal para nós? Não percebi.
G-Já vais perceber.
Acendo um cigarro.
G-Das-me um cigarro? Não trouxe tabaco.
Vejo-o dirigir o carro para uma zona da cidade, onde para mim, seria impensável ele me levar...
E agora, não estou mesmo a perceber...ou se calhar até estou, mas nem quero acreditar...
Estaciona no parque de um hipermercado.
B-Vais fazer compras agora?! (o hiper estava fechado aquela hora)
G-Ahahah. Não, vamos acabar de fumar.
G-Estas tão linda Bruna. Estas diferente...
B-Estou igual, tu é que já não te lembras...
G-Vá, baixa la as armas. Eu sei que estas zangada...mas amor, eu também tinha saudades tuas e vontade de estar contigo...tu sabes.
E enquanto fala comigo, beija-me os lábios, a face, o pescoço. Percorre o meu corpo com as mãos, que param no meu peito. Sente os batimentos cada vez mais acelerados, continua a percorrer o meu corpo indefeso e rendido aquelas mãos ágeis. Beija-me ao mesmo tempo que sinto a sua mão entrar nas minhas calças e diz-me:
G-Estas em brasa amor. Deixas-me louco.
Interrompo aquele momento...
B-Já acabamos de fumar. (na verdade, já tínhamos acabado à muito tempo)
Volta a ligar o carro e pergunto:
Afinal para onde me levas? (estava a achar aquele local muito estranho)
Sorriu-me. Estacionou numa rua de habitação. E eu, não estava a acreditar.
G-Bruna, vou fazer uma loucura, por ti, por nós!
B-Ui...até tenho medo...diz lá o que vais fazer.
G-Anda comigo.
B-Espera, mas afinal, para onde vamos?
G-Para minha casa. Estou só hoje.
Era o que eu suspeitava, mas não achava que ele fosse tão louco a esse ponto.
B-O quê?! Estas louco Gabriel! E se alguém nos vê? E os vizinhos? Não te conhecem?
G-Conhecem sim, mas espero que não nos vejam. Vou arriscar. Anda.
Juro que fiquei confusa com aquela atitude dele. Impensável alguma vez ele me levar para a sua casa, é que até passávamos sempre, bem longe daquela zona urbana. Estava incrédula, nem sabia o que pensar. Seguia ao lado dele. Calada...
Oh Bruna, quando pensas que vais dar a volta à situação, o Gabriel surpreende-te e troca-te todas as voltas.