sábado, 30 de março de 2013

Princesa, eu?



Quando se fala em amigos de verdade, bem, eu falo no André. E para quem não acredita em amizade entre homem e mulher, nós somos a prova de que ela existe.
Conheci o André numa formação sobre Marketing Agressivo, à cerca de 12 anos, desde então tornamo-nos grandes amigos. Com ele eu falo sobre qualquer assunto. Digo-lhe coisas sobre mim que não falo a mais ninguém. O André é uma pessoa muito calma que nos transmite uma paz interior na hora que mais precisamos. Para ele a vida é simplesmente maravilhosa se a soubermos aproveitar. 
Adoro conversar com ele, acho até, que me tenho aproveitado dele quando me sinto mais em baixo, porque sei que ele esta ali para mim.
Pena que nos vemos tão poucas vezes, a vida de cada um, nem sempre o permite.

Há muito que tinha prometido tomar um café com ele, como fazemos de longe a longe, mas os imprevistos tem acontecido e o café tem ficado adiado...
Ontem, peguei no telemóvel e liguei-lhe para saber se hoje poderíamos tomar o tal café,  uma vez que eu estaria de folga. Combinado, café às 10 horas.
Tempo para pôr a conversa em dia, já não nos víamos...talvez à 1 ano ou mais. 
André-"Bruna, não és a mesma, falta-te alegria, não sinto aquela tua energia."
Bruna-"Sou a mesma, a minha vida não mudou muito desde a ultima vez que nos vimos."
André-"Mas falta-te algo..."
Bruna-"Falta-me tanta coisa André. Tenho saudades de mim. Do que eu fui."
André-"Sinto isso. Vamos."
Bruna-"Embora? Já?"
André-"Não. Vamos sair daqui. Anda."

Segui-o. Tinha o jipe mesmo em frente ao café, do outro lado da rua. Entrei e perguntei-lhe
Bruna-"Onde vamos?"
André-"Animar-te um pouco."

Durante o percurso fomos falando de nós, das nossas vidas, do que sentíamos,  na verdade eu falava mais, ele escutava-me com atenção e ia tentando mostrar-me sempre o lado positivo das coisas. 
Ele dirigia bem devagar, como que, para saborearmos a viagem.
Chegamos ao Porto por volta da meia noite. Entramos num bar, pedimos uma bebida, sentamo-nos e continuamos com a nossa agradável conversa. Gosto de falar com ele, consegue sempre dar-me umas dicas de sabedoria. Embora seja apenas mais velho do que eu 2 anos, parece que já tem uma experiência de vida alongada comparada com a minha.
O bar, inicialmente estava calminho, até que começou a chegar aquela juventude toda (ou canalhada, como costumo dizer ) sentia as batidas da musica no meu peito, comecei a sorrir e a balançar o corpo. Revi-me à uns bons tempos atrás.
André-"Vá lá Bruna. O que estas à espera? Vamos dançar?"
Bruna-"Não. Não quero."
André-"Estas quase a ser a Bruna que eu conheci"

A minha vontade? Sim, apetecia-me dançar, pedir mais um licor beirão, fumar outro cigarro e dançar, dançar a noite toda, divertir-me até de manha. Perder-me naquele instante, aproveita-lo sem pensar em mais nada, mas...

Bruna-"Vamos embora André?"
André-"Queres mesmo ir?"
Bruna-"Sim, quero."

De regresso à nossa cidade, dirigiu-se para o ponto mais alto, parou o carro.
André-"Vê a cidade lá em baixo, é linda!"
Saltei para fora do jipe, acendi um cigarro, ouvia o silencio da noite, e comecei a sentir a chuva muito miudinha a bater-me no rosto. O André seguiu-me. Passou-me a mão no rosto. Recuei.
André-"Calma Bruna, só te estou a fazer um carinho"
Bruna-"Não gosto de carinhos."
André-"Não gostas de carinhos? Toda a gente gosta de carinhos, toda a gente precisa de carinhos, e tu agora, precisas de carinho."
Bruna-"Não gosto, não estou habituada a que me façam carinhos."
André-"Anda cá pequena, confia em mim, deixa-me mostrar-te uma coisa"
Baixei a guarda e deixei-me levar. 
O André pediu que fechasse os olhos. Virou-me de costas para ele. Abraçou-me forte. Embalou-me nos seus braços ao som da musica suave que saia do jipe e acariciava-me o rosto.
Ficamos assim, não sei se muito ou pouco tempo, mas foi algo de muito bom. Deixei-me ficar, ficava ali uma eternidade. Sentia-me em paz, no calor do abraço, do corpo do André.

André-"O Gabriel não te dá carinho?"
Bruna-"Dá, mas com ele é diferente"
André-"Um dia ainda vamos ter uma conversa sobre carinho.Tens que te soltar."
Bruna-"Certo. Agora, vamos embora"
André-"Ok princesa."

E cheguei a casa. 
Subi até à torre do meu castelo e continuo à espera...de carinho!



domingo, 24 de março de 2013

Mas pensa que eu sou o quê?



Há muito tempo que eu e o meu marido, não dá mos satisfações um ao outro da vida pessoal de cada um. Como também já disse que as únicas conversas que temos são sobre os miúdos. Evitamos qualquer outro assunto. Só falamos o que é estritamente necessário.

Estou no actual emprego há três anos e nos últimos dois, tenho tido a "sorte" de não trabalhar no dia de Pascoa, porque tenho tido folga nesse dia, o que não vai acontecer este ano. 
O ano passado e no ano anterior, a minha sogra almoçou aqui em casa na Pascoa.

Ontem, eu e o meu marido, fomos tratar de uns assuntos dos miúdos e encontramos a senhora. Qual não é o meu espanto, quando ela me diz: 
Sogra-"...então no domingo de Pascoa a gente vê isso durante o almoço..."
E ela, que notou a minha cara de surpresa, (coitada da senhora) disse para o meu marido: 
Sogra-"É para  ir almoçar a vossa casa, não é?" 
Meu marido- "É..." 
A senhora olhou para mim, como que a justificar-se e disse: 
Sogra-"Ele disse-me para ir lá almoçar" 
Eu, com cara de tacho: 
Bruna-"Sim, pode ir lá almoçar, eu vou trabalhar, mas vou cozinhar para eles (marido e miúdos)  não há problema nenhum em ir lá almoçar" 
Meu marido- "Vais trabalhar?" 
Bruna-"Vou, entro ao meio-dia"
Sogra-"Então não Bruna, não tem jeito nenhum, eu ir lá almoçar se tu vais trabalhar" (sensata).
Meu marido e eu-" Não há problema, vai lá almoçar sim"

Apeteceu-me naquele momento, subir pelas paredes, mandar tudo às favas, desaparecer e arrancar os cabelos...
Mas quem é que ele pensa que eu sou? O que lhe dá o direito de convidar a querida maezinha (coitada da senhora, que não tem culpa de nada) para almoçar em nossa casa, sem falar comigo? Pensa que eu sou alguma empregada de serviço que estou sempre disponível? Grrrr...que raiva!
O que me apetece? Dizer ao querido marido: " Vou trabalhar, a cozinha fica à tua disposição para preparares o almoço!"

Haja paciência Bruna!


segunda-feira, 18 de março de 2013

Standby



É como me sinto neste momento. Não estou bem, mas também não estou mal.

Os pés quase tocaram o fundo "daquele poço", não me deixei cair, tento subir pelas paredes escorregadias que por vezes me forçam a descer mais um pouco, mas eu sou mais forte do que elas, aproveito cada pedrinha deslocada da parede para colocar o meu pé e assim vou conseguindo subir, levantando a cabeça e ver alguma luz no cimo "daquele poço".

Quero escrever, mas as palavras teimam em não sair. Deixo o tempo passar. Temo que ele passe rápido demais. Talvez fique sem tempo, não sei. 

Não tenho pensado muito em mim. Não tenho tido muita vontade de me fazer sentir feliz. Parei. Continuo a caminhada, muito lentamente, sigo. 

Tento perceber se realmente sou importante para as pessoas que me rodeiam. Não tenho duvidas, que o sou, para os meus filhos, os meus pais, os meus irmãos... e as outras pessoas? Nunca me interessou o que pensariam de mim, agora tenho pensado nisso e não quero pensar. Não me interessa.


Gabriel. Tenho me lembrado dele, não da mesma maneira. Não me apetece estar com ele. Não sinto, que ele sinta a minha falta. Gostava que me ligasse. Gostava que nesse momento, (como agora) não me apetecesse estar com ele. Sinto-o longe de mim. Sinto-me a deixar-lo ir. Tenho um certo receio de o perder. Penso que não posso perder, quem eu nunca realmente tive. Talvez o nosso tempo se tenha esgotado. Talvez tenha passado. Talvez amanha eu ainda o queira, eu ainda o deseje. Talvez amanha seja muito tarde para o meu querer.


Sinto falta de mim! Mas neste momento...
Não estou para amar! 



sexta-feira, 15 de março de 2013

terça-feira, 5 de março de 2013

Fugir,fugir,fugir...


O meu estado de espírito nos últimos dias.
Ontem escrevi assim para alguém, que não enviei, guardei.

"Estou triste, quase a chegar ao fundo. Sem vontade de continuar. Quero fugir, desaparecer, sinto-me cansada de tudo, de mim, da vida, de toda a gente. Tenho medo. Medo de um dia finalmente deixar-me ir. Acabar. Tenho medo, mas tenho vontade... Cansei de tudo, sinto-me chegar ao limite. Quero descansar. Desculpa, desculpa qualquer coisa menos boa, desculpa isto. Fizeste-me tão bem. A gente vê-se (por aí)..."  

-.-
         

segunda-feira, 4 de março de 2013

As "minhas" meninas


Pois é, a vida não pára de nos surpreender...

À cerca de um ano e meio, fui surpreendida por um telefonema da CPCJ ( Comissão e Protecção de Crianças e Jovens) antigamente designada por PM (Protecção de Menores). Solicitaram que eu e a minha mãe comparecêssemos para uma reunião. Ficamos muito surpreendidas e curiosas sobre qual assunto poderiam ter a tratar connosco. No dia a seguir ao telefonema lá fomos.

À minha irmã, (mais nova do que eu 15 anos) e ao companheiro dela, tinham lhes sido retirada a guarda das filhas, uma menina com 5 anos e outra com 18 meses. Isto porque ele, estava desempregado e tinham deixado de pagar a renda de casa, água, luz...e não tinham condições económicas para ter as meninas.
Tanto eu como a minha mãe ficamos incrédulas, ficamos em choque, ralhamos muito com a minha irmã, como é que ela deixou a vida dela chegar a tal ponto sem nada nos dizer??? Inacreditável!
Juro que pensava que isto, só acontecia àquelas famílias desestruturadas. Não à minha!  

A minha irmã mais nova que sempre foi tratada como uma princesa por mim, pelos meus irmãos e pelos meus pais, agora, estava com a vida dela neste estado! Isto porque também não tem um companheiro que a ajude (trabalhar cansa)...adiante.

Nestes casos, segundo nos disseram na Comissão, tentavam que um familiar ficasse com as crianças, caso contrário iriam para uma instituição ate que os pais reorganizassem minimamente a vida. A minha mãe fartou-se de chorar...aquelas crianças são a nossa vida, nem pensar fazê-las passar por isso.
Claro que eu prontifiquei-me logo a ficar com elas.

Nova reunião comigo e com o meu marido para assinarmos a guarda provisória das meninas, visitas esporádicas a minha casa, o meu filho mais novo teve que mudar para o quarto do irmão para ceder o dele às primas...muito complicado! Tive que reorganizar toda a minha agenda diária. À volta com fraldas e biberões, caminha de bebe em casa, entretanto a maiorzinha entra para a pré-escola...mas o que mais custava era à noite para adormecer a pequenina que fartava-se de chorar a chamar pela mãe e pelo pai, isso é que me custava mais!

Tentamos ajudá-los o melhor que pudemos, e estava tudo a ser bem encaminhado, até que... a minha irmã volta a engravidar, gravidez essa que escondeu de toda a gente, dizendo agora que tinha medo que também lhe retirassem essa bebe...não, não lhe retiraram a bebe, mas veio dificultar o processo de reavaliação para eles voltarem a ficar com as meninas.
Assim sendo, e tendo agora a bebe 8 meses, foi reavaliado o processo, nova visita a casa dela, revisão das despesas familiares, ele (meu cunhado) já se encontra empregado. Bom, as "minhas" meninas voltaram para casa dos pais, finalmente. Espero que agora eles tenham criado juízo naquela cabeça. 
Comprometi-me a estar atenta a qualquer situação relacionada com as crianças (agora três meninas) e intervir caso seja necessário.

As "minhas" meninas , deixaram a minha casa vazia!