Quando se fala em amigos de verdade, bem, eu falo no André. E para quem não acredita em amizade entre homem e mulher, nós somos a prova de que ela existe.
Conheci o André numa formação sobre Marketing Agressivo, à cerca de 12 anos, desde então tornamo-nos grandes amigos. Com ele eu falo sobre qualquer assunto. Digo-lhe coisas sobre mim que não falo a mais ninguém. O André é uma pessoa muito calma que nos transmite uma paz interior na hora que mais precisamos. Para ele a vida é simplesmente maravilhosa se a soubermos aproveitar.
Adoro conversar com ele, acho até, que me tenho aproveitado dele quando me sinto mais em baixo, porque sei que ele esta ali para mim.
Pena que nos vemos tão poucas vezes, a vida de cada um, nem sempre o permite.
Há muito que tinha prometido tomar um café com ele, como fazemos de longe a longe, mas os imprevistos tem acontecido e o café tem ficado adiado...
Ontem, peguei no telemóvel e liguei-lhe para saber se hoje poderíamos tomar o tal café, uma vez que eu estaria de folga. Combinado, café às 10 horas.
Tempo para pôr a conversa em dia, já não nos víamos...talvez à 1 ano ou mais.
André-"Bruna, não és a mesma, falta-te alegria, não sinto aquela tua energia."
Bruna-"Sou a mesma, a minha vida não mudou muito desde a ultima vez que nos vimos."
André-"Mas falta-te algo..."
Bruna-"Falta-me tanta coisa André. Tenho saudades de mim. Do que eu fui."
André-"Sinto isso. Vamos."
Bruna-"Embora? Já?"
André-"Não. Vamos sair daqui. Anda."
Segui-o. Tinha o jipe mesmo em frente ao café, do outro lado da rua. Entrei e perguntei-lhe
Bruna-"Onde vamos?"
André-"Animar-te um pouco."
Durante o percurso fomos falando de nós, das nossas vidas, do que sentíamos, na verdade eu falava mais, ele escutava-me com atenção e ia tentando mostrar-me sempre o lado positivo das coisas.
Ele dirigia bem devagar, como que, para saborearmos a viagem.
Chegamos ao Porto por volta da meia noite. Entramos num bar, pedimos uma bebida, sentamo-nos e continuamos com a nossa agradável conversa. Gosto de falar com ele, consegue sempre dar-me umas dicas de sabedoria. Embora seja apenas mais velho do que eu 2 anos, parece que já tem uma experiência de vida alongada comparada com a minha.
O bar, inicialmente estava calminho, até que começou a chegar aquela juventude toda (ou canalhada, como costumo dizer ) sentia as batidas da musica no meu peito, comecei a sorrir e a balançar o corpo. Revi-me à uns bons tempos atrás.
André-"Vá lá Bruna. O que estas à espera? Vamos dançar?"
Bruna-"Não. Não quero."
André-"Estas quase a ser a Bruna que eu conheci"
A minha vontade? Sim, apetecia-me dançar, pedir mais um licor beirão, fumar outro cigarro e dançar, dançar a noite toda, divertir-me até de manha. Perder-me naquele instante, aproveita-lo sem pensar em mais nada, mas...
Bruna-"Vamos embora André?"
André-"Queres mesmo ir?"
Bruna-"Sim, quero."
De regresso à nossa cidade, dirigiu-se para o ponto mais alto, parou o carro.
André-"Vê a cidade lá em baixo, é linda!"
Saltei para fora do jipe, acendi um cigarro, ouvia o silencio da noite, e comecei a sentir a chuva muito miudinha a bater-me no rosto. O André seguiu-me. Passou-me a mão no rosto. Recuei.
André-"Calma Bruna, só te estou a fazer um carinho"
Bruna-"Não gosto de carinhos."
André-"Não gostas de carinhos? Toda a gente gosta de carinhos, toda a gente precisa de carinhos, e tu agora, precisas de carinho."
Bruna-"Não gosto, não estou habituada a que me façam carinhos."
André-"Anda cá pequena, confia em mim, deixa-me mostrar-te uma coisa"
Baixei a guarda e deixei-me levar.
O André pediu que fechasse os olhos. Virou-me de costas para ele. Abraçou-me forte. Embalou-me nos seus braços ao som da musica suave que saia do jipe e acariciava-me o rosto.
Ficamos assim, não sei se muito ou pouco tempo, mas foi algo de muito bom. Deixei-me ficar, ficava ali uma eternidade. Sentia-me em paz, no calor do abraço, do corpo do André.
André-"O Gabriel não te dá carinho?"
Bruna-"Dá, mas com ele é diferente"
André-"Um dia ainda vamos ter uma conversa sobre carinho.Tens que te soltar."
Bruna-"Certo. Agora, vamos embora"
André-"Ok princesa."
E cheguei a casa.
Subi até à torre do meu castelo e continuo à espera...de carinho!