terça-feira, 31 de maio de 2011

Detesto...


As 10 coisas que menos gosto em foto:



Não gosto de violência





Não gosto da vida comum que a sociedade nos impõem.





Não gosto de mostrar o meu sofrimento.





Não gosto de amizades fáceis e rápidas.





Não gosto de sentir falta daquele abraço.





Não gosto de qualquer tipo de preconceito.





Não gosto que as pessoas, que me são importantes, me ignorem.






Não gosto de injustiças.





Não gosto de pessoas submissas.





Não gosto de dias de chuva.



quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aquela noite


Saímos as três do restaurante, não sem antes provarmos o shot da casa, oferecido pelo proprietário.
A Marta estava um pouco indisposta, decidiu ir para casa, eu e a Vitória dirigimo-nos para o bar, já eram 01.00horas e as restantes colegas já nos aguardavam impacientes, pensando que não iríamos.
Durante o percurso, perguntei à Vitória se tinha visto o Gabriel. Ela respondeu que só esporadicamente, quando ia ao departamento onde ele trabalha. E quis saber se eu costumava vê-lo, disse-lhe que não, nunca mais tinha estado com ele. Ela avançou..."Acho-o uma pessoa extraordinaria, sabes que às vezes conversamos e ele nunca me referiu qualquer encontro que teve contigo, sempre manteve isso em privado". E eu respondi..." Sim, ele é muito porreiro, é uma pessoa excepcional mesmo!"

O ambiente estava animado, o bar completamente lotado, ultrapassou as nossas expectativas, fantástico! Eu estava eufórica, abracei os meus amigos, dancei, pedi uma vodka limão...o ar estava quente e a minha cabeça já andava um pouco leve...senti a falta de alguém...o Gabriel, que não me saia do pensamento. Como eu queria que ele estivesse lá, naquela noite, que até me sentia particularmente bonita.
Mas sabia que ele não iria...tinha a certeza que não ia aparecer. Mesmo assim decidi enviar uma mensagem, que provavelmente só iria ler na manha seguinte, uma vez que já eram 02:00h...ficaria a saber que eu o desejei naquela noite. E continuei a dançar por entre a multidão.
Após meia hora, sinto uma voz quente e suave por trás de mim: " Bruna, vi a tua mensagem..."
Não, não podia ser, eu já tinha bebido demais, estava a alucinar...mas mesmo não acreditando, atirei-me nos braços dele, aquele abraço tão forte, tão sentido, que nós dois tão bem conhecíamos...e ficamos assim, abraçados por um longo período de tempo. Eu só disse: " Que bom que vieste!".
Ele foi comprimentar o resto do pessoal, e eu pedi mais uma vodka limão, agora precisava mesmo de beber, sentia um calor a percorrer-me o corpo e o coração muito acelerado...
O Gabriel foi ter comigo ao bar, conversamos muito, falamos dos nossos sentimentos, das saudades e do desejo que sentíamos...falamos mesmo tudo que tinha ficado por dizer...abraçamo-nos varias vezes e num momento magico, senti os seus lábios a tocar nos meus, aquela boca quente e suave, aquele odor, o cheiro dele paralisava todos os meus sentidos...e quase a nos beijarmos...quando chega a Vitoria com o amigo do Gabriel e me diz: " então Bruna, a maquina fotográfica... empresta, tira-me uma foto com o Gabriel..." arrancou-o com ela para o meio da pista e dançaram, eu fiquei com o João, amigo do Gabriel, que se apercebeu, de que algo se passava connosco...então falou-me que eu não devia ter qualquer sentimento mais forte, que o Gabriel estava casado e que a mulher dele não merecia, era uma pessoa simples e até um pouco limitada a nível intelectual e que poderia sofrer com isto.
Nem pensar, eu não queria de maneira nenhuma separar o Gabriel da mulher e do filho, só não conseguia evitar este sentimento...mas conseguia evitar estar com ele. Foi o que tinha feito durante o ultima ano.
E continuamos assim a conversar, quando vejo que o bar, esta bem mais vazio e no meio da pista continua a Vitoria e o Gabriel a dançar. Reparo no ar provocador que ela lhe dirige e o seu corpo a juntar-se ao do Gabriel, quando lhe dá um beijo nos lábios...e deixo cair uma lágrima pelo rosto, e outra cai de seguida...não estava a aguentar...o João abraçou-me e disse que aquilo não era nada...mas como não era nada? não estava a perceber...então a Vitória que tanto me recriminou, que tanto me apontou o dedo, que era minha amiga!... Sai a correr do bar, já quase vazio, eram 05:00, fugi sem que os dois se apercebessem, não queria ver aquilo. O João veio atrás de mim, e acompanhou-me numa longa caminhada...precisava apanhar ar, reflectir... e o meu telemóvel tocava, o visor com o nome da Vitoria e com o nome do Gabriel, e eu não atendia...não queria falar com eles, não naquele momento. e continuamos a caminhar, até que a Vitoria pára o carro à nossa frente e me pede que entre. Obviamente que não quis entrar, aliás, nem falei com ela, foi o João que lhe disse que depois falaríamos mais tarde...disse que não se preocupasse, ele ficaria comigo... ela afastou-se. Eu continuava a chorar, estava magoada...
O Gabriel ligou ao João e disse que ia ter a casa dele, para me levar...

Nunca pensei que acabaria a noite tão magoada!


domingo, 22 de maio de 2011

Jantar a três


Agosto de 2009

Não falei mais no Gabriel nem no sentimento que ainda guardava em mim. Tentei convencer-me que já o tinha esquecido, embora lá no fundo eu soubesse que não era verdade...pois quem esquece não sente saudade...e eu todos os dias sentia a falta dele.
Agora, eu e a Vitoria trabalhávamos com a Marta na empresa onde trabalhava também o Gabriel, embora fosse em departamentos diferentes, o que fazia com que nunca nos cruzássemos.
Quando as minhas amigas perguntavam, eu dizia que a paixão e aquela loucura tinham passado...tinha acabado, e isso era verdade, eu e ele já não estávamos juntos à um ano e eu já não o via desde aquele evento à seis meses atrás.

Na empresa onde trabalhávamos, decidiram organizar um evento de solidariedade para ajudar uma colega nossa, que estava com o filho gravemente doente. Seria numa discoteca e 50% do consumo revertia a favor da criança.
Obviamente que nós as três estaríamos presentes, para além de ajudar a colega também não dispensavamos uma farra...coisa que eu estava mesmo a precisar...sair, esquecer os problemas, beber uns copos, dançar e divertir-me muito.
Sai do trabalho por volta das 17horas, passei em casa, tomei um duche, arranjei-me convenientemente e perto das 21h a Vitoria tocou à minha campainha e fomos directas buscar a Marta para jantar.
Nessa noite de Agosto sentia-me particularmente bonita, o que nem sempre acontecia, mas estava serena, calma e com a certeza de que seria uma noite fantástica e que me ia divertir muito.
O restaurante tinha sido escolhido a dedo, como se costuma dizer, calminho e com uma musica acolhedora. Pedimos bacalhau com natas para as três e vinho banco fresquinho"Muralhas" que era o nosso preferido. No final um café e um copo de licor Beirão que não podia faltar.
O jantar estava a correr muito bem, ate que a Vitoria se lembrou de dizer que o Gabriel tambem ia aparecer no evento, mas a Marta disse que não, que ele lhe tinha dito que não iria aparecer...comentei, indiferente, que não acreditava que ele aparecesse...
O meu coração disparou naquele momento...como eu queria que ele aparecesse! Mas não, embora eu desejasse muito, não acreditava mesmo que ele fosse aparecer.
Eu e a Marta dirigimo-nos à casa de banho, e ela perguntou-me se eu não achei estranho a Vitoria falar no Gabriel, assim sem mais nem menos...o que eu notei, foi que a Vitoria não se sentia muito à vontade quando falava nele, não conseguia olhar-me os olhos, e isso incomodava-me...a Marta apenas me disse que estava com uma certa desconfiança, e não foi preciso ela dizer mais nada para me pôr desconfiada também.

Depois pensaria nisso, aquela noite era para me divertir.




quinta-feira, 19 de maio de 2011

E as minhas amigas...




Este sentimento estava a sufocar-me...precisava entender o que se passava comigo, mas não encontrava respostas, tinha necessidade de me exprimir, de falar, de me fazer entender...precisava que alguém me dissesse que era normal o que eu estava a sentir pelo Gabriel, uma vez que a minha vida afectiva com o meu marido tinha terminado já há muito tempo.
Obviamente que este não era um assunto que poderia ter com qualquer pessoa, só mesmo as minhas amigas poderiam ouvir-me e talvez entender-me. As minhas amigas! Às vezes pensava que as amigas eram aquelas que nos diziam as verdades nuas e cruas, mesmo que essas verdades nos magoassem, outras vezes pensava que não era nada disso, que as amigas eram aquelas que nos apoiavam incondicionalmente, estado nós certas ou erradas, desde que estivessemos felizes...hoje não entendo muito bem o qual é realmente a posição das amigas...
A minha amiga de trabalho,Paulina, não sabia de tudo o que se passava, sabia apenas que o Gabriel e eu mantínhamos uma amizade que nasceu com aquela brincadeira das mensagens e que de vez em quando íamos tomar café( não sei bem ate que ponto, ela acreditava que era mesmo só isso), logo ela não via nada de mal no nosso relacionamento.
A Marta e a Vitoria sabiam de tudo o que se passava comigo, e tinham opiniões bem diferentes uma da outra, talvez pela forma diferente das duas pensarem e encararem a vida. Para a Marta, o importante é aproveitarmos a vida ao máximo, não é muito ligada a leis, regras ou etiquetas, para ela o essencial é mesmo a felicidade e é da opinião de que devemos fazer tudo aquilo que nos apetece, devemos deixar a emoção e os sentimentos possuírem-nos, depois logo se vê,por isso sempre me entendeu e achava que se tanto eu como o Gabriel estávamos bem com este envolvimento, devíamos aproveitar e não pensar muito no amanha. Na opinião dela, eu estava mais que certa, uma vez que o meu casamento tinha acabado, independentemente de estar a viver com o meu marido ou não!
Já a Vitoria, tinha uma forma de pensar muito racional, para ele não existe o meio termo, as coisas ou são ou não são. Dizia que entendia o meu sentimento e este relacionamento, mas que não poderia de maneira alguma aceitar, que não passava de uma traição e que não concordava em nada o que se passava comigo e com o Gabriel. Para ela eu devia separar-me do meu marido, independentemente das consequencias, e que não devia de maneira nenhuma envolver-me com um homem que também era casado. Achava sim, que deveríamos ser felizes, mas não desta forma...que não devia encontrar-me com ele, que devia esquece-lo e que se eu quisesse, era capaz de o fazer. Era uma luta constante que eu travava com a Vitoria, ela recriminava-me constantemente, o olhar dela estava sempre a culpar-me, parecia que via sempre o dedo dela a apontar-me como traidora...e como eu não era capaz de viver com aquele dedo dela sempre a apontar-me esses erros, resolvi não falar mais sobre o Gabriel com a Vitoria...
A Luciana que era para mim, uma referencia, uma mulher madura, experiente, coerente...a única coisa que me disse logo no inicio desta aventura, foi:" Faças tu o que fizeres, fá-lo se essa for a tua vontade e nunca te arrependas ou culpes de o ter feito" e nunca mais falamos sobre esse assunto.
Catarina, minha amiga de infância, e talvez a que melhor conhece o meu coração...bem a Catarina ficou super admirada por saber que o meu casamento estava neste ponto final...compreendia-me, apoiava-me e a única coisa que me disse foi que admirava a minha capacidade de lidar com esta situação caótica em que estava a minha vida familiar e como eu geria todos estes sentimentos ...não me julgou, não me criticou, não me incentivou, não me felicitou, mas disponibilizou-se para me ajudar em tudo o que eu precisasse, fosse qual fosse a decisão ou o rumo que eu tomasse.
...mas nesta altura, não havia muito a fazer...eu e o Gabriel não estávamos junto à quase um ano e neste período apenas nos encontramos naquele evento que apenas nos comprimentamos...tinha acabado, estava tudo terminado connosco

O sentimento e o desejo, esse permanecia intacto!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tinha que ser

Março 2009


Durante um ano, fomos felizes...as mensagens, os encontros, o carinho...e o sentimento sempre a crescer.
Já não estava só a fugir do meu controle, o Gabriel também sentia que era difícil para ele não estar comigo.
Disse-me que tinha medo do que estava a sentir, que não podia acontecer...que não queria que eu sofresse mais tarde...que já não era só sexo...
Tínhamos que parar!
E paramos...Nada de encontros, nada de mensagens.
Como foi difícil...que vazio que eu sentia. Não havia um só dia em que não me lembrasse dele, mas tentei respeitar a sua decisão.
E passaram seis meses, quando o vi naquele evento organizado pela nossa amiga comum, a Marta...
Não pensei encontrar-lo...o meu corpo tremia todo, o copo de champanhe quase me caiu das mãos quando o vi a entrar e se aproximou de mim para me comprimentar.
Equele olhar...não era de todo um olhar feliz, não, ele não estava mais feliz sem mim...mas continuava lindo, sedutor, com um charme que me desarma por inteiro...era capaz de me atirar em seus braços ali mesmo, em frente a toda aquela gente, que ambos conhecíamos e que nem imaginavam o que nos passava pela cabeça.
Decidi fugir de ti, não falamos, não nos olhamos directamente, não mantivemos qualquer contacto...e ele desapareceu, de repente os meus olhos procuravam-no desesperados... e ele não existia mais...
E tudo ficou igual...foi como se não nos tivéssemos visto.
Como eu te queria...
Só consegui ter mais certeza, que nunca o tinha esquecido...eu que mentia ao meu coração quando lhe dizia: " Bruna, passou.A aventura terminou, agora é só uma lembrança boa que existe dentro de ti" Como somos capazes de mentir a nós próprios?...

Podemos enganar a nossa cabeça, mas o coração não!



sábado, 14 de maio de 2011

Esta tão confuso



E outro enconto surgiu.
Sorrimos, abraçamo-nos e os lábios colaram-se sem que o pudessemos evitar...
As mãos percorriam os nossos corpos...o coração batia forte no peito, a respiração ofegante...o desejo obrigou que os corpos se unissem, sem pressa, sem tempo, sem qualquer outro pensamento...
E outra vez estavamos ali, com os sentimentos expostos aos nossos olhares.
Não podia ter voltado a acontecer...mas aconteceu!
Não percebiamos o que estava a acontecer. Falamos sobre esta aventura. Ambos concordamos que não estava correcto, que existiam outras pessoas envolvidas e que não mereciam ser magoadas.
Obviamente que, sem entrar em promenores, lhe falei do meu casamento, que quase não existia, estava mal. Ele contou-me que o dele tambem não era perfeito, o monotonia tinha desfeito o que de bom existia.
No entanto nenhum de nós pensava em separar-se, muito menos eu, queria ser a causadora de tal acto.
Mas não conseguiamos sentir culpa ou arrependimento sobre o que nos estava a acontecer.
Nada foi programado, simplesmente aconteceu, e não estavamos a conseguir evitar.
Decidimos deixar andar, sabiamos que um dia teria que acabar, e se não houvesse promessas nem ilusões, nenhum de nós sofria e continuariamos amigos, sem qualquer ressentimento.
Aceitamos, seria apenas sexo, uns bons momentos, sem que ninguem se magoasse, e tudo seria perfeito.

E as mensagens continuaram, e os encontros cada vez mais intensos...
Até que os sentimentos estavam a crescer...e isso não podia acontecer!
Já nos conheciamos à meia duzia de meses, quando eu lhe disse que não poderiamos continuar com os encontros, os sentimentos estavam a fugir do meu controlo...ele ficou triste, pediu que não fizesse isso, que precisavamos um do outro, e voltou a pedir que não o deixasse...

Tudo ficou na mesma.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

O coração acelera



Esperava que depois do encontro com aquele homem, o encanto passaria, tanto da minha parte como da parte dele. (vamos dar um nome a este homem? Pode ser Gabriel )
Pois é, enganei-me. As mensagens diárias continuavam, varias vezes ao dia, e cada vez que o telemóvel anunciava nova mensagem, o meu coração palpitava...
Foi interessante aquele nosso primeiro encontro, primeiro, porque outro veio de seguida.
Parecia uma adolescente...as pernas tremiam, o coração batia forte no meu peito e a ansiedade era grande.
O Gabriel chegou, olhou-me e abriu um grande sorriso.
Conversamos, até que aquele abraço chegou, um abraço tão intenso como da primeira vez. Era tão bom sentir o peito dele a bater forte, aqueles braços a envolverem-me, o carinho que ia fazendo no meu cabelo e o cheiro, o toque, a pele, o sabor a desejo.
Não pensei em nada, o mundo lá fora não existia, naquele momento, deixei de lado a razão e decidi ouvir o bater do meu coração...e as caricias continuavam, sem que nenhum de nós quisesse parar, o nosso desejo aumentava e inevitavelmente os nossos corpos pediam mais...
E foi tudo tão perfeito...ficou tudo perfeito.
Poderíamos falar sobre o que tinha acaba de acontecer, mas não quisemos de maneira nenhuma estragar aquele momento...

Aconteceu! Passou!




Isto, é nada



Os dias passavam, era impossivel não pensar no meu casamento...
Mas que casamento?
Já tive um casamento é verdade, mas isso foi à alguns anos atrás, hoje tenho um papel assinado e aparentemente uma vida em comum.
Vivemos na mesma casa, dividimos despesas e criamos os nossos filhos. Nada mais existe.
Não ha amor, nem intimidade, nem amizade, nem companheirismo, nem troca de ideias...nada!
E eu espero, espero que tudo isto um dia acabe.
Espero que um dia ele me diga que vai ser feliz, porque eu quero muito que ele seja feliz, e sei que comigo não o é. E sinceramente, ele merece, aliás como todos nós merecemos a felicidade.
Não o culpo de maneira alguma pelo fracasso do nosso casamento. Ambos tivemos a nossa parte de insucesso, ambos deixamos o amor desaparecer, ambos permitimos que o casamento chegasse a este ponto.
Gostava de saber porque ele continua preso a este casamento, que não existe à tantos anos. Talvez pela mesma razão que eu. Falta de coragem. Sim, porque eu tenho a certeza que no dia em que nos sentarmos para ter uma conversa sobre esta relação estupida, ambos vamos concordar que a separação é inevitável.

Enquanto esse dia não chega...

sábado, 7 de maio de 2011

Tem que ser mais do que isto



A carência fazia parte dos meus dias à vários anos.
Tinha um casamento que contava 15 anos, mas na realidade poucos foram os anos que posso dizer que tive um casamento de verdade, como eu idealizei.
O relacionamento foi-se degradando aos poucos e nessa altura já pouco havia do que era um casamento.
Não existia ambiente familiar, quase não nos víamos, não tínhamos saídas em comum, não riamos juntos, não conversávamos, não nos olhávamos sequer. Éramos apenas duas pessoas que viviam juntas, tínhamos dois filhos em comum, e um contracto de casamento que nos mantinha juntos...e que por isso nos privava de sermos independentes. Um compromisso que nos mantinha presos a um casamento que não existia, que nos impedia de sermos felizes, que nos obrigava a sermos um do outro, quando na realidade já nem isso éramos. Pensei muitas vezes, até que ponto isso se pode chamar de um casamento, ate que ponto alguém possa dizer que eu sou casada...é isto ser casada? Ter um papel assinado... Posso realmente pensar que sou casada? Ser casada é dividir a casa e as despesas com outra pessoa? É apenas isto?
Não, para mim ser casada tem que ser bem mais do que isto!
Não me condeno, nem permito que quem quer que seja me julgue.
A vida é muito curta para ficarmos presos a preconceitos ou julgamentos da sociedade.

Vou viver.

Porquê isto?



As perguntas voltaram na minha cabeça.
Porquê que eu estava diferente?
Porquê que me apetecia tanto falar, estar, sair com este homem?
Porquê que eu estava a dar continuidade a isto, se não tinha qualquer objectivo ou propósito?
Porquê que sendo eu casada estava a sair com um homem também casado? Não fazia sentido nenhum, não fazia parte de mim, não fazia parte dos meus princípios, não era correcto para mim, para ele, nem para as pessoas que tínhamos ao nosso lado, não estava a ser correcto para ninguém, não era certo, ia contra tudo aquilo que me ensinaram a acreditar.
Talvez fosse falta de juízo da nossa parte, talvez fosse por ser novidade, talvez fosse uma atracção mais forte do que eu, talvez fosse ate uma brincadeira inocente que estava a fugir do meu alcance, talvez fosse...talvez fosse isso mesmo...carência.

Sim, eu estava carente, obviamente

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Encontro

Novembro 2007


Chegou o dia, eu andava ansiosa e um pouco indecisa...provavelmente seria eu a arranjar uma desculpa para não aparecer naquele encontro.
Não estava certo, concerteza tinha criado espectativas naquele homem e eu não seria a pessoa que ele estaria à espera.
Eu apenas estava a divertir-me, não queria mais do que aquilo, nem sequer pensava em um dia me encontrar com ele. Mas marcamos encontrar-nos nessa noite...que iria acontecer? Provavelmente ate sairiamos, e depois dele saber que nada iria além disso, não voltasse a enviar as mensagens que eu tanto esperava.
Estava casada há alguns anos e nunca tal coisa me tinha passado pela cabeça, nem em sonhos.
Ao longo do dia ele tinha me dito que estava muito ansioso por chegar à noite e perto da hora marcada, disse que sentia umas borboletas no estomago...sei bem o que é sentir isso, eu estava a sentir exatamente a mesma coisa, parecia uma adolescente...
Ele perguntou, onde nos encontrariamos, ao que eu respondi, que esperasse na minha porta, ele ficou incredulo, mas era mesmo isso que eu queria, afinal não estavamos a fazer nada de errado, a meu ver.
Tomei um banho, arranjei-me convenientemente e desci. Lá estava o carro parado à porta da minha casa. Entrei, ele estava a sorrir e eu, claro que devolvi o sorriso. Estava tal como eu me lembrava dele, lindo, apetecivel...sentia-se o seu nervosismo, o que ainda o tornava mais atraente.
Conversamos bastante, como se já nos conhecessemos à anos, fomos tomar cafe, e quando regressamos ao carro ele fixou aquele olhar doce, no meu durante alguns segundos e abraçou-me. Que abraço forte, senti que era um abraço sincero, com vontade, sentido mesmo, e disse-me:
"- Que bom,, à tanto tempo que não abraço assim ninguem, estava mesmo a precisar disto"
Fiquei em silêncio, não sabia muito bem ate que ponto ele estaria a ser sincero, o que ele pretendia com aquele abraço. Aguardei.
Falamos dos nossos casamentos, do que estavamos ali a fazer, do porquê das mensagens todo aquele tempo e o porquê deste encontro...nao percebiamos muito bem, mas tambem não foi nada premeditado, as coisas foram acontecendo.
E ele foi me levar a casa, despedimo-nos, voltamos a abraçar-nos e oferecemos um sorriso um ao outro.
Obviamente que nessa noite nao foi facil adormecer, ainda sentia o cheiro dele, o toque, aquele abraço forte e aquele sorriso...
Pensei, "pronto, agora que ja nos conhecemos mais um pouco, talvez isto termine, o factor surpresa passou e não há mais nada a descobrir dali em diante. Ja aconteceu o que tinha que acontecer...fomos tomar cafe, encontramo-nos, falamos frente a frente..."

Verdade, tinha dado como terminadas as mensagens.

Mais um passo



Tinha mesmo que resolver este problema, não fazia sentido estarmos a enviar mensagens um ao outro...onde isso nos poderia levar? Afinal eu não tinha qualquer finalidade, apenas gostava de receber a atenção daquele homem, ainda pra mais sendo um homem tão giro e charmoso, daqueles que apetece tirar um pedaço...
Já tinha passado mais de um mês, estávamos no inicio de Novembro, quando num Domingo à noite depois de varias mensagens, recebo uma que me faz sentir o peito aos saltos...
"Posso te ligar?"
É que nunca tínhamos falado um com o outro ao telemóvel, eram mesmo só as mensagens. Como não sou de recuar, disse logo que sim, claro que podia ligar.
E ligou...foi muito bom, tinha uma voz tão suave, quente, meiga, ainda fiquei pior do que estava. Perguntou quando nos encontrávamos pra tomar um café, e eu sem esitar, disse-lhe que seria quando ele quisesse, pensando eu que seria ele a recuar...mas não perguntou logo se podia ser no dia seguinte. E a minha segurança falou por mim, respondi positivamente, porque não? Não tinha mal nenhum eu ir tomar café com um amigo, fazia isso alguma vezes...

Confesso que achei que no dia seguinte, ele arranjaria uma desculpa

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Que se passa?


" Então Bruna, que se passa contigo? Estas agora a perder o juízo?
Não te esqueças que és uma mulher casada, mãe de 2 filhos... Isto não faz parte de ti... Porque não paras de pensar nele? Não era só uma brincadeira passageira? Não achas que já andas nisto há muitos dias? E porque acordas e te deitas a pensar nele? E porque esperas ansiosas pelas mensagens? E porque andas sempre com um ar bem disposto, um sorriso nos lábios e porque perdes tanto tempo em frente ao espelho a arranjar-te? Porque a vida te parece tão maravilhosa?
Ai Bruna, Bruna...não estou a gostar nada disto! Vê se ganhas juizinho que já tens idade para isso!"

Esta foi a conversa que eu tive comigo mesma. Não me estava a reconhecer, estava tudo tão mudado dentro de mim, e o pior é que eu estava a gostar, estava a sentir-me de bem com a vida, sentia uma felicidade que há muito eu não sentia...
Mas sabia que, não era de todo o melhor para mim. Precisava de arrumar algumas ideias, definir na minha cabecinha o que é que andava a fazer. Esquecer o meu coração, afinal, há muito que não fazia uso dele, porque desperta-lo agora? Só para trazer dissabores e amarguras? Não, não era isso que eu queria.

Tinha que tomar uma atitude

terça-feira, 3 de maio de 2011

Agitada


O amanhecer não chegaria tão cedo, a noite não estava a passar.
Não sei descrever muito bem o meu estado de espírito.
Estava feliz pelos últimos acontecimentos, estava surpresa comigo mesma, estava um pouco incrédula, arrependida...assustada!
O quê que eu estava a fazer? Seria certo? Mas que mal é que tinha? Apenas umas mensagens, não passaria daquilo. Uma brincadeira prestes a terminar. Mas foi muito bom, fez bem ao meu ego. Quando é que eu poderia imaginar que um homem como aquele me daria treta? Talvez ele também quisesse divertir-se um pouco, talvez também estivesse a achar piada aquela nossa conversa...
Quando amanhecesse, já nenhum de nós dois se lembraria de nada. Quer dizer, eu não estava a conseguir esquecer, o sono não chegava, a minha cabeça estava longe da minha cama e as horas a passar.
Na manha seguinte, corri a contar à minha colega, rimo-nos bastante e ela ficou tão surpreendida quanto eu tinha ficado no dia anterior, mas tentamos não dar grande importância, já tinha passado.
Quem estava tambem a par desta brincadeira, era a minha amiga que trabalhava na mesma empresa que ele, mas que nem o conhecia. Obviamente que, curiosa como ela é, tentou logo de saber quem era o tal srº que me tinha dado a volta à cabeça, logo a mim, que sou tão certinha...
Bom, a reação dela a ainda me deixou mais avariada, disse que ele era um srº charme...que era todo bom. E realmente era!
Perto das 11h fui tomar o pequeno almoço, quando recebo uma mensagem no telemóvel... "      " Em branco! O srº enviou-me uma mensagem em branco. Pensei, provavelmente enviou sem querer, foi isso. não respondi, obviamente que foi engano, não poderia alimentar uma conversa que não faria sentido.
Meia hora mais tarde outra mensagem do srº... " Bom dia". Tinha que responder, faz parte da educação, pensei.
E no dia seguinte a mesma mensagem... nesse dia, disse-lhe " fala-me de ti" ao que ele respondeu " tenho 34 anos, casado, um filho e sem juízo..." fiquei surpresa, não pensei que ele fosse casado, e muito menos que tivesse um filho com 10 anos, sem juízo já imaginava, tal como eu... nos outros dias já eram varias mensagens ao longo do dia.
Falávamos sobre muita coisa, iamo-nos conhecendo e claro que questionamos varias vezes a sensatez daquelas mensagens.
E todos os dias à mesma hora, eu já esperava por aquele " Bom dia " para começar bem o meu dia, e se a mensagem chegasse uns minutos mais tarde eu já ficava ansiosa a pensar que ele se tinha esquecido de mim ou simplesmente que não haveria mais mensagens.

E passou mais de um mês

Brincadeira inocente



Depois de resolvido o problema, chegava outro...porquê que continuava a pensar nele? Que se passava comigo? Parecia que não queria deixar de ter contacto com ele. Mas afinal já não podia ligar-lhe, nem mandar qualquer mensagem...o que ele iria pensar de mim?
A minha colega chegou ao trabalho e não foi necessário dizer-lhe que já tinha net, pois tínhamos falado no messenger na noite anterior. Mas disse-lhe que tinha pene porque não voltaria a ver o tal srº...bem...foi aí que eu e ela tivemos uma ideia fantástica. Quer dizer na altura pareceu fantástica. Decidimos brincar um pouco com o srº, afinal era simpático e ate disse que eu lhe parecia uma boa pessoa.
Estava feito, enviei uma mensagem para o telemóvel a dizer-lhe" Desculpe incomodar mas o serviço não funciona, a net não dá...............estou a brincar esta tudo a funcionar, obrigada". e não é que, ele respondeu!
Recebi a seguinte mensagem por volta das 14.15 " Por um momento fiquei assustado", eu não disse mais nada, achei melhor ficar por ali, já tinha sido um atrevimento da minha parte ter enviado a mensagem a brincar com ele, afinal não o conhecia.
As 17h, já me encontrava em casa quando o telemóvel avisa nova mensagem, era ele.
" Mas afinal dá ou não dá?"
Muito surpreendida, pensei- mas porque me esta a perguntar? eu tinha deixado claro que era a brincar...mas respondi, também depois a conversa acabava.
" Sim, dá."
" Quem é amigo?"
Agora sim, para além de surpreendida também estava a achar piada, mas ate onde esta conversa nos ia levar? fiquei curiosa e respondi.
" Pois, és tu...ups...é você."
" Trata por tu."
" Ok amigo."
" De nada amiga."
" E agora...é suposto eu dizer o quê?"
" Que vais arranjar outra avaria pra eu ir aí."
" Gostas mesmo de trabalhar."
" Aí gosto."
" Então vais ter que me ensinar a arranjar uma avaria"
" É só quereres."
" Não sei quem é pior, se eu ou tu...ok sou eu, não precisas dizer."
" Não sei qual dos dois...eu sei é que colei em ti."
" Estas a ver se me provocas?"
" Gostava mesmo de te provocar"
" E o que te impede de o fazer?"
" Se calhar o facto de seres casada."
" Pois, imagino o que deves estar a pensar de mim, desculpa."
" Não, não estou a pensar nada de mal! Mas fala-me mais de ti."
" Ok, mas hoje não. É 1 hora da manha..."
Eu realmente estava a ficar descontrolada, nem estava a acreditar no que tinha acontecido. Mas estava feliz. Estava encantada comigo, como é que eu deixei que a conversa se desenrolasse ate aquele ponto? mas também não era nada de mal...umas mensagens no telemóvel, não significavam nada...amanha já não lembraríamos de nada...eu de certeza que me lembrava, ele o mais certo seria esquecer, bonito como era, devia ter montes de miúdas atrás dele. Foi o que pensei. Devia estar a passar o tempo e a divertir-se tal como eu estava.

Espero ansiosa o amanhecer

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Outro dia



A noite passou.
Segunda feira, dia de trabalho, mal podia esperar para estar com a minha colega.
Quando ela chegou o meu entusiasmo era grande, estava ansiosa por contar-lhe que o srº que tinha ido a minha casa era muito giro, que já tinha lá estado duas vezes e que algo nele me despertava a atenção. Ela vibrou comigo, fez imensas perguntas, estava tão interessada como eu, acho que era influencia da nossa brincadeira no "chat", ela até me disse que poderia ser um desses "..." com quem nós metiamos conversa.
Ao meio dia liguei para casa para saber se a Internet funcionava, o meu filho mais velho informou-me que não.
Eu já começava a ficar impaciente...mas o que é que se passava, afinal porque que a net não funcionava se o srº já tinha estado la em casa duas vezes e da operadora sempre lhe garantiam que iria funcionar?!...começava a ficar irritada! Todo este tempo à espera de Internet e agora nada!
As duas da tarde o srº ligou-me para saber, ao que eu lhe respondi, um pouco zangada:
"-Não! A Internet não funciona!
 -No final da tarde passo aí."
Foi só o que dissemos, acho que ele percebeu que eu não estava nada satisfeita.
Por volta das 19h ele chegou a minha casa, e eu disse-lhe, com um pouco de ironia:
"-Parece que nunca vou ter net, ou o senhor começa a passar aqui todos os dias...
 - Desta vez não saiu daqui sem isto funcionar, garanto-lhe!"
Bom, já era alguma coisa...
Ele entrou e deparou-se com o meu marido que estava prestes a sair de casa, mas decidiu ficar e tentar ajudar o srº, que trazia grande parte dos equipamentos que dispunha na carrinha de trabalho.
Depois de algumas horas de trabalho...Finalmente! Funcionava a Internet!
Pensei:"Agora o meu filme termina aqui, não tenho mais motivos para ligar com o srº..."
Hoje, mal nos olhávamos nos olhos, alias tentávamos não deixar que os nossos olhos se cruzassem. Senti que não era só eu que estava a fazer filmes na minha cabeça, sei que também não lhe era indiferente, senti isso. Mas tudo acabava ali!

Problema resolvido!

Dia seguinte

Saímos de casa para uma festa de aniversário, que se previa ser ate à noite.
A minha ansiedade por chegar a casa era grande, para verificar se já tinha a Internet a funcionar.
Estava cansada, o tempo quente sufocava-me. Tomei um banho e vesti uma t-shert com uns calções que eu usava em casa.
Preparei o banho para o meu filho mais novo.
Estava inquieta...não parava de pensar naquele srº que tinha ido fazer a instalação...resolvi enviar mensagem, afinal ele tinha dito que lhe garantiram que ficaria a funcionar nesse dia, o que não aconteceu, e afinal isso nem era uma desculpa para contacta-lo, era mesmo a realidade.
"-...
 -Desculpe estar a ligar a esta hora (22.50), mas a net ainda não funciona.
 -Não?!...
 -...
 -...
 -Posso ir aí?
 -Agora?! A esta hora? Mas é Domingo, o srº...
 -Por mim...estou de prevenção...
 -Ok, pode."
Fiquei surpreendida, como é que ele vinha a minha casa as 23h e num Domingo...Juro que não estava de todo à espera disto...
O meu filho mais velho estava no quarto dele a ver um filme, o meu pequeno na banheira, o meu marido tinha adormecido no sofá, e eu a aguardar a chegada do srº que todo o dia tinha ocupado o meu pensamento...
Em poucos minutos ele chegou...parecia mais bonito do que no dia anterior, não trazia um ar tão cansado e senti um certo brilho no seu olhar.
Enquanto ele verificava todos os equipamentos e ligações, eu terminei o banho do meu filho mais novo.
Ele andava de divisória em divisória, na tentativa de descobrir o que se passava de errado...e eu ia acompanhando sempre que me era possível, observava-o, tentava decifrar aquela expressão de tristeza...e num momento quase nos esbarramos os dois no corredor, e ficamos sem jeito, sem reacção, olhamo-nos nos olhos...e eu fixei aquele olhar triste e profundo...tentei acordar da hipnose que aquele olhar me provocou...e sorrimos!
Mais uma vez ficou a promessa de que ficaria tudo a funcionar, e desculpando-se ele foi embora.

E mais uma noite se ia passar