quarta-feira, 25 de maio de 2011

Aquela noite


Saímos as três do restaurante, não sem antes provarmos o shot da casa, oferecido pelo proprietário.
A Marta estava um pouco indisposta, decidiu ir para casa, eu e a Vitória dirigimo-nos para o bar, já eram 01.00horas e as restantes colegas já nos aguardavam impacientes, pensando que não iríamos.
Durante o percurso, perguntei à Vitória se tinha visto o Gabriel. Ela respondeu que só esporadicamente, quando ia ao departamento onde ele trabalha. E quis saber se eu costumava vê-lo, disse-lhe que não, nunca mais tinha estado com ele. Ela avançou..."Acho-o uma pessoa extraordinaria, sabes que às vezes conversamos e ele nunca me referiu qualquer encontro que teve contigo, sempre manteve isso em privado". E eu respondi..." Sim, ele é muito porreiro, é uma pessoa excepcional mesmo!"

O ambiente estava animado, o bar completamente lotado, ultrapassou as nossas expectativas, fantástico! Eu estava eufórica, abracei os meus amigos, dancei, pedi uma vodka limão...o ar estava quente e a minha cabeça já andava um pouco leve...senti a falta de alguém...o Gabriel, que não me saia do pensamento. Como eu queria que ele estivesse lá, naquela noite, que até me sentia particularmente bonita.
Mas sabia que ele não iria...tinha a certeza que não ia aparecer. Mesmo assim decidi enviar uma mensagem, que provavelmente só iria ler na manha seguinte, uma vez que já eram 02:00h...ficaria a saber que eu o desejei naquela noite. E continuei a dançar por entre a multidão.
Após meia hora, sinto uma voz quente e suave por trás de mim: " Bruna, vi a tua mensagem..."
Não, não podia ser, eu já tinha bebido demais, estava a alucinar...mas mesmo não acreditando, atirei-me nos braços dele, aquele abraço tão forte, tão sentido, que nós dois tão bem conhecíamos...e ficamos assim, abraçados por um longo período de tempo. Eu só disse: " Que bom que vieste!".
Ele foi comprimentar o resto do pessoal, e eu pedi mais uma vodka limão, agora precisava mesmo de beber, sentia um calor a percorrer-me o corpo e o coração muito acelerado...
O Gabriel foi ter comigo ao bar, conversamos muito, falamos dos nossos sentimentos, das saudades e do desejo que sentíamos...falamos mesmo tudo que tinha ficado por dizer...abraçamo-nos varias vezes e num momento magico, senti os seus lábios a tocar nos meus, aquela boca quente e suave, aquele odor, o cheiro dele paralisava todos os meus sentidos...e quase a nos beijarmos...quando chega a Vitoria com o amigo do Gabriel e me diz: " então Bruna, a maquina fotográfica... empresta, tira-me uma foto com o Gabriel..." arrancou-o com ela para o meio da pista e dançaram, eu fiquei com o João, amigo do Gabriel, que se apercebeu, de que algo se passava connosco...então falou-me que eu não devia ter qualquer sentimento mais forte, que o Gabriel estava casado e que a mulher dele não merecia, era uma pessoa simples e até um pouco limitada a nível intelectual e que poderia sofrer com isto.
Nem pensar, eu não queria de maneira nenhuma separar o Gabriel da mulher e do filho, só não conseguia evitar este sentimento...mas conseguia evitar estar com ele. Foi o que tinha feito durante o ultima ano.
E continuamos assim a conversar, quando vejo que o bar, esta bem mais vazio e no meio da pista continua a Vitoria e o Gabriel a dançar. Reparo no ar provocador que ela lhe dirige e o seu corpo a juntar-se ao do Gabriel, quando lhe dá um beijo nos lábios...e deixo cair uma lágrima pelo rosto, e outra cai de seguida...não estava a aguentar...o João abraçou-me e disse que aquilo não era nada...mas como não era nada? não estava a perceber...então a Vitória que tanto me recriminou, que tanto me apontou o dedo, que era minha amiga!... Sai a correr do bar, já quase vazio, eram 05:00, fugi sem que os dois se apercebessem, não queria ver aquilo. O João veio atrás de mim, e acompanhou-me numa longa caminhada...precisava apanhar ar, reflectir... e o meu telemóvel tocava, o visor com o nome da Vitoria e com o nome do Gabriel, e eu não atendia...não queria falar com eles, não naquele momento. e continuamos a caminhar, até que a Vitoria pára o carro à nossa frente e me pede que entre. Obviamente que não quis entrar, aliás, nem falei com ela, foi o João que lhe disse que depois falaríamos mais tarde...disse que não se preocupasse, ele ficaria comigo... ela afastou-se. Eu continuava a chorar, estava magoada...
O Gabriel ligou ao João e disse que ia ter a casa dele, para me levar...

Nunca pensei que acabaria a noite tão magoada!


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